SERRA
Era a primeira vez que íamos à Serra.
Noite sem lua, viagem dentro do breu, só o farol do carro alumia a estrada de terra. Sombras da mata, de pastos, de descampados, (nem uma luzinha como na história de Joãozinho e Maria), escuridão total, não se avista casebre, animal, vivalma. Um curiango passa voando dentro do facho de luz. É um nunca chegar a lugar nenhum. Estamos perdidos numa estrada que não vai dar em nada, não vai a lugar nenhum. Onde fica a Serra? Onde fica o arraial? O medo toma conta.
Do nada, chegamos ao povoado adormecido. Silêncio, as casas fechadas, ninguém na rua, um burro em pé, dorme no campinho em frente à igreja. As luzes dos postes iluminam o caminho até a casa avarandada. Apeamos e entramos. Agora o fogo estala no fogão de lenha, lá fora só sombras.
Sombras e assombração. Dizem que há noites em que muitas luzes dançam lá no alto da serra.
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